Eu amei um alguém nesta terra era ela pra mim, Deus no céu
Na igrejinha lá no pé da serra nos brincávamos de passar anel.
Eu e ela tinha nove anos e juramos ali se casar
Oito anos passamos voando e nem vimos o tempo passar.
Quando o padre abençoou a aliança
Minha amada com seu branco véu
Me lembrei do tempo de criança
Que brincávamos de passar o anel.
A fazenda que nos morava certo dia seu dono vendeu
Este golpe ninguém esperava, quem comprou foi um homem ateu
Derrubou a nossa igrejinha e mandou a gente ir embora
Nos ficamos na beira da linha bem me lembro como se fosse agora
E partimos pra cidade grande
Muito contra o nosso desejo
E o dia da nossa mudança
Para mim foi meu próprio cortejo.
A vida da cidade é dura, minha amada mudou de repente
Começou a usar pintura, se exibindo, ser muito pra frente.
Me chamava só de caipira era só ela inteligente
Conversava só falando gíria já não era como antigamente
Saiu rindo, me tirando sarro
Já na esquina apanhou um corcel
A notei a placa do carro
Encontrei o casal num motel
Lembrei-me da nossa aliança
Minha branca com seu branco véu
Me lembrei do tempo de criança
Que brincávamos de passar anel.