Quis deitar
Mas não tinha cama
não tinha chão
Escutar, mas não tinha ouvidos
não tinha som
Quis virar a esquina mas a menina me disse que
não tinha rua, se não a minha
O porteiro me falou que o síndico tinha se mudado
prum outro bairro
uma outra cidade…
O que que eu vou fazer com meus olhos cegos?
Que que eu vou fazer com o batom apagado, mulher?
Que que eu vou fazer com as horas desperdiçadas
E os meus discursos mal-criados
Ah… como eu vivo
num mundo de espuma
de cataventos
Quis levantar
Mas não tinha dia
Não tinha sol
E perguntar
Mas não tinha boca
Nem questão
Quis virar a esquina mas a menina me disse que não tinha rua
se não a dela
Perguntei para o porteiro quem eu era e ele me falou
“você não é ela”
então quem eu sou?
O que que eu vou fazer com os meus olhos cegos?
Que que eu vou fazer com o batom apagado, mulher?
Que que eu vou fazer com as horas desperdiçadas
E os meus discursos mal-criados
Ah… como eu vivo
num mundo de espuma
de cataventos…
Parapapa....
Ahhh…