Sentado à mesa um mate novo
A vela acesa, o olho turvo
Ouço mil cascos em diaparada
Lá por de trás da coxilha,
E o negrinho gorgeia seu riso
Por ter achado a tropilha.
Dou-te o lume da vela a prece prometida
Encontrem minha alma que anda perdida,
A escuridão da noite ainda me trás
Espíritos que vagam sem ter paz
Aquerenciando o temor de encontrar,
Lá fora o fogo incensato do boitatá.
(REFRÃO)
"Aháááááá"
São índios e padres
São negros, mulheres, soldados
"Aháááááá"
Que adentram o rancho
E mateiam proseando ao meu lado,
Guiam-se pela prece
Aos braços abertos na cruz,
Ebquanto a vela aquece
Os sonhos que povoam
Esse rancho de luz
Indago à Cristo na parede
Se pode um mate aumentar a sede?
Na chama da vela que se desfigura
Vejo campo e nele ecos de loucuras,
Faiscas de adagas a morte estampada,
Tempo das batalhas, de morrer por nada.
Murmúrios engasgados em pecado e dor
Clamam ao meu lado a mão do redentor,
Roque na fogueira sem um coração
Tomam a minha prece como extrema unção
O aço De La Torre vem pedir perdão,
A furia da crioja com sangue nas mãos
(REFRÃO)