Tenho em minha casa lá na sala de visita,
uma relíquia na parede pendurada.
É meu berrante de chifres,
de um boi carreiro, uma lembraça
dos bons tempos do passado.
Com a comitiva conduzindo uma boiada,
Por muitas vezes todo o gado dispersou,
seu som vibrante soava
triste e compassado.
Os animais entendiam o seu chamado,
E novamente a boiada ajuntou.
Eu... no alazão
a passos lentos ia andando,
Era o ponteiro e tocava o meu berrante,
E a boiada ia me acompanhando.
Ei... ouça o som
deste meu velho companheiro,
Conte pro mundo que no meio a boiada,
O poder que tem
o berrante de um boiadeiro.
Hoje estou morando aqui na cidade,
O meu velho corpo
não tem mais agilidade.
Ainda me lembro
de muitas das minhas proezas,
Da junventude às vezes choro de saudade.
O que me resta daqueles tempos felizes,
De quando eu vivi
tocando um galo no sertão,
Eu vou deixar para os meus filhos
como herança.
Em minhas viagens ele me dava
segurança,
É o meu berrante, a minha recordação.