Eu voltei na minha terra
Pra rever o que lá deixei
O frondoso cafezal
E a casinha onde morei
Mas eu chorei de tristeza
No dia em que lá cheguei
A porteira derrubada
A casinha abandonada
Foi o que eu encontrei
Casinha de pau-a-pique
Que o meu pai construiu
Na frente tem uma estrada
No fundo corria um rio
Casinha de pau-a-pique
A minha velha morada
Que o tempo pintou na cor
Da poeira da estrada
Onde era cafezal
Foi grande a transformação
Derrubaram tudo ali
Hoje é cana e colonião
Na estrada onde passava
Boiadeiros e boiadas
Hoje vão de caminhão
E essa estrada de chão
Muito pouco é usada.
Rio de águas abundantes
Onde eu ia me banhar
De lá que o papai trazia
A mistura pro jantar
Destruíram suas nascentes
Hoje o rio é um ribeirão
É o preço que se paga
Quando o progresso chega
Aqui no nosso sertão.