De um circo, eu sou o palhaço
No rosto levo este traço
Para alegrar a multidão
Mas é tudo fantasia
É falsa a minha alegria
É tudo, tudo ilusão
Ninguém sabe que meu rosto
A tinta encobre um desgosto
Que vive a me atormentar
E com a luz da ribalta
Meu coração sente a falta
De quem não me soube amar
Enquanto a platéia acha graça
Dentro do peito a desgraça
Vem logo me torturar
O riso sempre constante
Faz-me esquecê-la um instante
Mas volto logo a chorar
Se todos pudessem ver
A razão do meu sofrer
Não pensavam em gargalhar
E ao terminar a cena
Dariam os lenços com pena
Para o meu pranto enxugar.