No meio da tarde
a palavra arde,
a palavra arde.
É uma despedida
que não se despede,
não se despede.
Sua teimosia, sua magia
fica no ar sangrando e sacode
e comove esse coração.
No meio da tarde
a cidade arde,
a cidade arde.
É a fotografia de uma voz cansada,
de uma voz fechada.
Sua tirania, sua agonia
fica no peito ardendo
e sufoca, estraçalha esse coração.
Só cantarei a palavra bem dita,
só cantarei a palavra que fica,
como um punhal no ar a cortar a tua hipocrisia.
Eu que sou filho de canto e de sanga,
minha canção tem a força do pampa.
Gela o veneno do gesto e a mentira da tua garganta.