* * * * * * * * *
Esta noite prateada,
Minha eterna e doce amada,
A chamar-te me insinua,
Nos acordes desta lira,
Que de amor geme e suspira,
Ante o albor níveo da lua,
O rendado da neblina,
Mais parece uma cortina,
Numa festa de noivado,
A lua é noiva bela,
Recostada na janela, de um palácio constelado,
Que beleza nas estrelas,
Ah ! Se tu pudesses ve-las,
Como estão no céu sorrindo,
Espreitando com cautela,
Pelas frestas da janela,
Do quarto onde estas dormindo,
Minh'alma dorme sonhando,
Geme e chora te chamando,
Pelo espaço como louca,
Ah, se a aurora despontasse,
Quem dera que me encontrasse,
A beijar a tua boca,
Desperta, vem matar meu desejo,
A minh'alma, vaga incerta a procura do teu beijo,
Dileta, tu formosa eu poeta,
Quero para os tristes versos meus,
As rimas dos beijos teus,
A natureza te chama,
O meu peito já reclama,
A quentura dos teus seios,
Os astros são já escassos,
Vem, sufoca-me em teus braços,
Antes que eu morra de anseios,
As estrelas cintilantes,
São lanternas dos amantes,
Pelo espaço a flutuar,
Como Deus é inspirado,
Inventou para o pecado,
Estas noites de luar,
Desperta, vem matar meu desejo,
Minh'alma vaga incerta,
A procura do teu beijo,
Dileta, tu formosa eu poeta,
Quero para os tristes versos meus,
As rimas dos beijos teus.