Na vida de boiadeiro
Por este sertão inteiro eu já tenho viajado
Tocando minha boiada
Conheço muitas estradas do nosso Brasil amado
Porém hoje estou cansado
Numa cadeira sentado sozinho eu vivo a pensar
Eu recordo com saudade
O tempo da mocidade que não mais há de voltar
Em um rancho pequenino
Certa vez vi um menino, sorrindo me disse assim
O boiadeiro andante
Podia dar um berrante de presente para mim
Eu vendo aquele coitado
Pé no chão, esfarrapado, com muita pena fiquei
Atendi o seu pedido
Meu berrante preferido de presente eu lhe dei
Daí dez anos passados
Eu voltei pra aqueles lados, meu peito se encheu de dor
Naquele mesmo ranchinho
Apareceu um velhinho, soluçando me falou
Que o seu filho querido
Há tempo tinha morrido com o berrante na mão
Este foi um grande espinho
Que atravessou em meu caminho me ferindo o coração
A saudade é muito forte
E hoje só espero a morte pra livrar-me deste mal
Terminando os dias meus
Passarei aos pés de Deus para o juízo final
Eu comparo nossas vidas
Qual uma estrada comprida que se acaba num instante
Muito tempo está fazendo
Mas eu choro quando lembro no menino do berrante