Eu ébrio nesse passo rumo a tí
Meu ópio, que me toma sem sentir
Perfume em volteio a enebriar
Uma noite derretida no luar
Um lírio que no campo esparramou
Uma louça que caiu e não quebrou
Semente que floreia no quintal
Uma flor na batalha contra o mal
Estranha que chegou sem me poupar
Nua e dança, alvoroço em meu sonhar
Aconchego de um cantinho prá se amar
Moleca, faz no rosto riso clarear
Sorriso, intenso, imenso mar
Brisa que em meu rosto derreteu
Pingo d’água deglutido como mel
Semblante d’uma esperança azul
Manhã nascida com o sol do sul
Pirâmide que busca o horizonte
Sol que se despede atrás do monte
Enchente que a seca dirimiu
Poeta que sofreu e não sentiu