Uma garrafa de vinho
Em minhas mãos
Um cigarro clandestino
Me encaram do chão
E eu sei
Que todos esses vícios que formam
Não levam a lugar nenhum
Mas fazê o que se um dia eu tava certo de que
Não tinha mais pra onde ir
E um velho amigo
Que entendia de mim
Hoje um velho conhecido
Que me fala que sim
Que está
No mesmo lugar
Falando sempre as mesmas coisas
Só que agora volta pra casa de carro
E então me diz
Tu fez certo de sair
E os amores de outras vidas
Enterrados aqui
Não me fizeram poesia
Nem deixaram de rir
De mim
Enquanto me revolto com essa situação
Estar tão cheio de saber que eu odeio
E não saber
O que eu odeio afinal
E todas essas vidas
Que sigo nas mãos
Só me extrapolam o atraso
E derrubam a ilusão
De que
Algo ainda pode estar pra acontecer
Que vai fazer tudo se esclarecer
E eu saberei então que ta
Tudo certo e que eu tô bem
Esse menino Guiga
Que eu encontrei aqui
Contido em fotos tão bonitas
Onde alguém sempre ri
E então
Porque eu só me lembro quando alguém chorou
Queimou suas coisas
Saiu correndo do carro aos prantos
Ou então teve sua hora de partir
E uma garrafa de vinho
Em minhas mãos
Um cigarro clandestino
Me encara do chão
E eu sei
Que todos esses vícios que formam
Não levam a lugar nenhum
Mas fazê o que se um dia eu tava certo de que
Não tinha mais pra onde ir