Eu me perdi nessa cidade
Virei porto sem um cais
Eu vi tanta calamidade
E me escondi nos manguezais
Ó minha terra tão querida
Cada rio é sua história
Cicatrize das feridas
Esquecidas na memória
As suas pontes e caminhos
Seus becos e caboclinhos
O céu bem arquitetado
No teu marco tão sozinho
Carregaram seus passados
Mas você não vai morrer
E esse caminho andado
Nós iremos percorrer
Entre becos, fome, mangue
Feito escorre o sangue
Negro como lama
Mais alguém que clama
O ôco louco desse povo
Sem noção do que fazer
Chico cadê você?
Nem Josué veio pra ver!
As pontes, os rios e os overdrives
Não esculturam mais os manguezais
O mangue carente parece doente
De tanta sujeira que escorre à sua frente!
Aqui não preservaram
Feito loucos se atracaram
Fui falar e nem deixaram
Não há nada a se fazer
Pulei das pontes e nadei
Nos rios quase me afoguei
De tanto lixo que passou
A podridão se apossou
Ser humano cada vez mais decadente
Mostra a faca, esconde os dentes
Nunca vi mais valentia
Mata à noite, mata ao dia
A mata toda já morria
Quando tudo começou
As pontes, os rios e os overdrives
Não esculturam mais os manguezais
O mangue carente parece doente
De tanta sujeira que escorre à sua frente!