Escorre a chuva nas vidraças da catedral
E o padre mesmo assim toca o sino
Ausentes os meninos, calado o coral
E o padre mesmo assim canta o hino
E o som que ecoa numa tentativa vã
De chamar toda gente à casa do senhor
Não é suficientemente tentador
Frente à preguiça, à pessoa descrente
A cidade é doente, é atoa, é atéa, é pagã
A chuva silencia e o sol acende o vitral
E o padre a sós acende uma vela
Mas a cidade é pó frente a qualquer temporal
E o padre reza e pede por ela
E a oração que leva em si, ao subir ao céu
Quiçá perdão para esse povo pecador
Faz de Deus um juiz e atesta em seu favor
Sentado o homem no banco dos réus
Respondendo a seu crime, acusado de ser um ser infiel.