Deixa a luz da avenida apagar
Que a vila faz tremer assombração
A baiana rezadeira
Já benzeu minha bandeira
E meu samba tem feitio de oração
Três apitos anunciam a partida do trem
Quem vem na estação do boulevard?
Se a noite é sombria, a Lua alumia
O homem vira lobo, delírio do Anhangá?
Um rastro de uma serpente
Incandescente, fascinante boitatá!
Curupira é da mata o protetor
Ventania! O saci rodopiou
Quando iara cantou na beira do ribeirão
Nem dei ouvidos, vou seguindo a marcação
Oh sereia, me perdoa! Tua água é garoa
Só o brilho da coroa seduziu meu coração
Yacuruna não quer ir embora
De cabeça virada, nem vê
Que não há caboclo ou gaiola
Nem alma penada vai me deter
Ouvi o conde drácula regendo meus taróis
E no pulsar do sangue azul que habita em nós
Contamos sem medo, segredos da infância, se vão pesadelos
O morro e o asfalto duas vezes na estação
Vejo a Cuca remexer no caldeirão
Cuidado! O povo do samba é teu bicho papão
Já passou da meia noite, no terror da madrugada
A bruxa tá solta, se entregou à batucada
Um assombro de alegria nesse baile imortal
Minha Vila, nosso amor é sobrenatural