Quando os olhos já não viam saída
Gosto amargo grudado na garganta
Força bruta quebrando a aliança
A tristeza ganhando da razão
O velório já estava encomendado
Muitas velas, viúvas enlutadas
Mãos atadas seguindo a Romaria
Triste fim de um sonho tão real
A frieza do olho do carrasco
Encarando a vítima fatal
Mas do nada surgiu no horizonte
Uma brisa com a aparência calma
Veio vindo chegando de mansinho
Esfriando a espinha do coitado
Que ficou um pouco incomodado
Com o choro que nunca parava
Bem tranquilo deitado descansava
A ressaca da noite anterior
Levantou-se gritando o seu doutor
Deixa quieto o pobre desgraçado
Já esperto, mas com a vista embaçada
Cheiro forte de roupa morfada
Invadindo-o passando algodão
Chegando forte ao cérebro inchado
O horror estava instalado
Correria abalou a multidão
Hey!
Levantou-se o defunto do caixão
Veio o grito de um bêbado Mijado
Da vida ele não foi renegado
M- Xv zoando no salão
E agora esperto e bem disposto
Ele viu que morrer não faz sentido
Vale mais fazer novos amigos
Correr além, além do esperado
O suor tem que ser despejado
Não importa a dor, a dor sentida
Vale mais uma viajem desgraçada
Do que uma viajem não vivida
Ganha mais quem acredita no seu taco
Disse ele o grande Deus da vida