Um dia destes retorno à querência
Rever as coisas que eu mais amei
A sombra grande da figueira antiga
O galpãozito onde madruguei
Quem sabe encontre aquele velho amigo
Que iguais a ele há poucos por aí
Costeava mágoas junto a um fogo grande
Neste rincão onde aprendi guri
E os ofertórios quando o Sol caia
Na velha taipa do açude grande
A Lua branca por trás das paineiras
Trazia cantigas pras noites de ronda
Fiel morena dos negros cabelos
Que eu domingueava no teu rancho manso
Depois com a noite e o meu zaino negro
Ia cantando, lembrando teus beijos
E toda gente com seus gestos calmos
Vinham sentar-se junto das calçadas
A contemplar o luar e os vaga-lumes
Mateando a vida à frente de suas casas
Aqueles tauras, os das campereadas
Cedo já estavam de fogão aceso
Na madrugada que era a paz de Deus
Abençoando a vida em seu aconchego
Um dia desses retorno a querência
Rever as coisas que eu mais amei
A minha alma que ficou saudosa
Que sem querer eu mesmo extraviei