O canto é ponta de espinho
Desses de campo dobrado
Sente o peso do caminho
Quem traz um verso cravado
Roseta de primavera
Rengueando o cusco aperreado
Aquele que é dessas voltas
Sabe onde arde a coivara
Brasa que gruda e não solta
Felpa seca de taquara
Unha-de-gato em picada
Marcando o poeta na cara!
A dor ardida do verso
É tombo em caraguatá
É universo sem resto
Preso no espinho de juá
Depois que entra na carne
É uma vida pra arrancar!
Poeta não é ofício
É vida em campo queimado!
As feridas deste vício
De não costear alambrado
Na alma marcado de puas
De se atirar nos farpados
Pra cada rima - um cantar
Uma rima - cada dor
É tanto campo a povoar
Pra um "gadito" de corredor
O verso é "yuyo" pra febre
Da alma do cantador