Nasceu na favela do mundo
No fundo de um velho porão
No berço da nossa pobreza
Nas sombras da nossa opressão.
Brincou pelas praças de maio
Caiu e rolou pelo chão,
Correu pelas bolas de meia
Ouvindo e fazendo canção.
E cresceu entre aquelas crianças
E as andanças que fez no sertão
Para ser a mais fina esperança
De uma paz com justiça e mais pão.
Contou casos desconhecidos
E outros que a vida ensinou
Ao povo mostrou o caminho
E pelo caminho andou.
O pão, ele deu aos famintos
E fome com eles sentiu,
A dor, o desejo de vida
E afeto nos dias de frio.
E plantou as sementes de um reino
Onde crescem os frutos do amor
A cor não separa os amigos
E a ternura é bem mais que um favor.
Tocou bem na alma do povo
Nas suas feridas também
Aos mortos fez nascer de novo
Chorou pela perda de alguém.
Deu voz aos que nunca falaram
Calou os que só tinham voz
Aos surdos deu som e sentido
E mão aos que andavam sós
E plantou-se no meio da terra
E regou-se de sangue e suor
Mas brotou feito vida de novo
Na virada de um mundo melhor.