Mangueira, você sempre me ensinou
Que nos tempos de vovô
Era ilusão a liberdade
Kalunga pelo mar, maré virou
Meu olhar que marejou lá na casa da saudade
Malungo
Ainda que a paz existisse
Renegaram as inquices perseguindo o povo bantu
Ê, Valongo, a memória reside
Onde a história resiste apesar do povo branco
Omolokô, preceito pra viver
Filho de mangueira preparado no dendê
Rompi quebranto, me banhei de axé
Sou o fruto bantu que não cai longe do pé
E assim germinar na força da lida
Renovar a vida semeando sonhos
Dançando jongo, capoeira
Zungus, morada afro-brasileira
As frestas floresci, em festa traduzi
Sons, saberes e sabores
Batuque que ecoa além do rio
Meu preto conceito abrindo caminho
Dê um dengo mãe
Teu moleque é valentia
Quem é cria lá do morro, faz nascer a poesia
Dê um dengo mãe
Teu moleque foi vencer
Quem é cria lá do morro, faz um novo alvorecer
Aê, dindin! Aê, dindá
Ê mangueira de aruê, ê matamba de aruá
É gente preta descendo a ladeira
Pra fazer na quarta-feira a mainha festejar