Passa e passa devagar e quando passa
alguém se curva para ver passar
finge q nunca mais se acaba
O fogo do sertão é assim
Passa no repente e se alastra
e nunca ninguém mais vê o fim
se espera uma nuvem fatal
se espera uma dose letal
tempestades ou coisas assim
É tempo de nutrir solidão
tira o colorido do chão
Pinta tudo dum cinza ruim
Sai correndo e se esquece de mim
Que sou fogo
Que sou água
Que sou chuva
Pro ouvido do chão
Terra treme
Deus entrega
em milagre
Poder de criação
Passa e passa devagar ninguém distingue
Só assiste, nega e finge o mal
Que é puro e de favor se trata
O fogo do sertão é assim
Passa no repente e se alastra
e nunca ninguém mais vê o fim
molha a vista do meu criador
faz fogueira também diz amor
todo mundo finge que não viu
Colombina aqui do meu sertão
seca a lágrima do meu pierro
que só chora pela plantação
e lamenta o pedaço de amor
Que carrega que é mormaço
que não nega a primeira oração
seca o milho
vinga praga
morre o filho
em promessa e desgraça