Enxutas as palavras que dantes eram belas
Ternas e lúdicas
Empederniram-se nas esferas recônditas das almas
E nuas desconstruíram as composições melódicas
Que os séculos sepultaram sem pudor
Mataram os poetas. Todos foram exterminados pela frieza
Do mundo cientificista
nada restou da sonoridade das letras
Nenhum lamento pelo esvaziamento
Dos seres sensíveis e criativos
Chegamos à era das máquinas
Objetivas e sintéticas e os poemas não têm mais luzes
Ouvem-se apenas guinchos dos homens-robôs
Nos seus discursos desumanizados
Pudera! Não são humanos
Desvalorizado, o homem se encolhe
Deixando-se permanecer mero objeto
Que fica e fita passivamente
A realidade feroz que o come
O brilho dos tons eloquentes dos apaixonados
Pela modernidade foram apagados
E nada restou. Apenas palavras vazias
Sem tino, desarticuladas que não tecem mais poesias
Nem compõem rimas, não captam mais a essência
Da singeleza divina
São tristemente, somente palavras