Fui eu que chorei o Pacífico
Quando enxerguei as muralhas erigidas
Com toda aquela riqueza lá dentro
Enquanto crianças de ruas cheiravam cola
Fui que verti em lágrimas o rio Nilo
Quando soube que mentiriam
Para angariarem muito dinheiro
Espoliando os pobres e desinformados
E mal-intencionados
Inventariam sistemas financeiros
Cruéis e excludentes
A fatia seria dividida desigualmente
Muitos sem nada
Poucos com muito
Gente comeria lixo
Viraria nada
Na desabalada
Carreira individualista
Egoísta
O mundo chegaria ao caos
Então
Minha aflição foi tanta
Que chorei todos os outros mares e oceanos
E rios, e lagos e lagoas
E riachos perenes e temporários
E no auge da minha dor
Quando não me restava mais lágrimas
Suguei as águas do chão
Sequei a terra
Do deserto do Saara
Quando entendi que o homem
Trocaria por dinheiro a sua alma