Já não choro por ti
Já não vou de rua em rua
No encalce de quem
Saiba dar notícia tua
Já não vejo em toda a parte
O teu rosto, o teu andar
Nas silhuetas a passar
Já não julgo avistar-te
Já não faço por ti
Cada minha, cada légua
Já não é o teu nome
A senha final da trégua
Já não paro cativa
Nos calaboiços da Lua
De sonhar ainda ser tua
A não querer sequer estar viva
Não aguardo de ti
Um sinal ou um aviso
Não me apanho em batalhas
De roubar-te um sorriso
E o prazer sem cerimónia
Com que às vezes apontavas
O que em mim tu não gostavas
Já não me lembro a cada insónia
Já não amo por ti
Com fervor nem desespero
Não disfarço querer-te
No corpo de quem não quero
Não me lanço em balada
Em baloiços de aguardente
Para braços de outra gente
Que de mim não sabe nada
Não suspiro por ti
Sobre ti não me debruço
E se às vezes lamento
Ainda choro, soluço
Não é por me iludir
Vou chorar por alguém
Choraria eu por quem
Já não choro por ti